
Pois é, é chegada sexta-feira, dia de voltar ao meu mosaico lindo e colorido. Esses dias passados em Curitiba fizeram muito bem pra mim, tanto profissional, quanto emocional e pessoalmente. A Lilian e o Rodrigo até perceberam que as planilhas que precisei elaborar por aqui não foram tão coloridas quanto às de costume, talvez um sinal de que eu cresci mais do que esperava.
Mas, como em todo conto de fadas, nem tudo são rosas. Claro que alguma coisa tinha que acontecer, porque senão não ia ter assunto interessante pra escrever. Eu já estava pensando num final sem sal, meio assim: “Isso aí, já cheguei em casa, foi tudo tão bem na volta quanto na ida, já descobri o macete, é só a gente seguir o pessoal que tudo dá certo”. Foi muito mais trágico e engraçado do que isso, e vou contar desde o começo.
Acordei meio desesperada pra fazer o check-out (nem sei se é esse o termo usado, mas como pra entrar é check-in, eu deduzi) porque o táxi ia me buscar às sete. Talvez eu não tenha mencionado, mas fui para a empresa todos os dias da semana com o mesmo taxista bacana. É um senhor moreno, falador, engraçado e que já foi lenhador. O primeiro lenhador de verdade que eu conheci na minha vida!
Fui tomar café da manhã, não me atrasei, o GT (taxista) não se atrasou, então tudo bem. Na vinda para o aeroporto eu percebi essa cidade de um jeito diferente. Tem lugares que tem muita neblina, tem lugar que não tem nada. O GT ainda comentou:
- Puxa, guria, ainda bem que tu vai embora hoje, o tempo está bom. Se fosse ontem, com certeza tu tinha se atrasado.
E eu fiquei feliz, porque o tempo para mim realmente estava bom.
Na descida do taxi tive uma surpresa. Se você viajasse a trabalho para uma cidade que você não conhece, passasse a semana toda indo para lá e para cá com pessoas desconhecidas, dependendo do serviço de outras pessoas, iria esperar que o taxista te desse um presente de despedida?! Pois é, eu fiquei muito surpresa! E muito contente também! Ganhei uma camiseta linda, cor-de-rosa, com o desenho de Curitiba. Adoreeeei! Eu tinha percebido mesmo que o GT estava mais caladão, acredito que ele devia estar apreensivo com a minha reação ao presente. Eu agradeci cem vezes e lhe dei um abraço.
Então estava tudo colorido. Eu estava indo pra casa, hoje tem jogo do Brasil e eu iria assistir o segundo tempo no aeroporto de Bauru, ia comer alguma coisa em Sampa, a fila do check-in da Gol não estava muito comprida... Tudo lindo! Até o momento em que eu chego no guichê e o funcionário me diz que todos os vôos da manhã foram cancelados e eu teria que ficar aqui até amanhã, porque só tem um vôo por dia para Bauru e eu com certeza o perderia.
Como assim não vou voltar pra casa??? Ficar aqui?? De novo?
Não! Não! Não... me bateu uma revolta que eu não sei nem descrever. E sabe ainda o que o supervisor me disse? Que eles não providenciam acomodação, nem alimentação, nem nada! Que absurdo! Eu sei que não é essa a lei, que tenho direitos... Fiquei tão brava, mas tão brava! E adivinha o que aconteceu? Eu chorei, claro. Senti tudo aquilo que a já tinha visto as pessoas na televisão sentirem quando fazem reportagem sobre aeroportos (e inocente pensei que nunca na minha vida passaria por isso). É um descaso, sabe?
Fui pra um banquinho e chorei de verdade, de soluçar, pingar água do nariz e borrar toda a maquiagem. Justo hoje que eu passei um monte de rímel acontece isso. Fiquei com a cara toda preta. Devo ter parecido uma criança bagunçada. Ah, não estou nem ai, nunca mais essas pessoas vão me ver.
Daí liguei naquele estado para o meu namorado. O coitado ficou meio desesperado, tadinho. Mas é que eu também estava desesperada. Queria tanto ir pra casa! Adorei tudo aqui, mas estou cansada, com saudade... Ele me instruiu mais ou menos o que fazer e eu me acalmei pra entrar em contato onde trabalho. E, como hoje é dia de jogo, a pessoa responsável não estava lá. Grande dia, não? Sorte que eu tenho o celular dela, liguei e pedi socorro.
Tudo resolvido. Cancelei o trecho de São Paulo/Bauru, vou pegar o vôo aqui mais tarde e tem um carro de Bauru que vai me pegar e me levar pra casa. Vou chegar bem mais tarde, vai ser muito mais cansativo, porém se eu ficasse aqui ia morrer de desidratação, porque ia chorar até amanhecer – e por conta da Gol, senão eu ia fazer um escândalo, embora não seja do meu feitio.
Então é isso. Estou aqui matando o tempo até dar o horário de embarque, e resolvi escrever porque estava tudo quentinho na minha cabeça, e também porque ainda estou muito borrada pra dar uma volta por ai. Claro, não discordo, a experiência valeu muito a pena. Até esta ruim. Podia ser que eu nunca passasse por isso na minha vida.
De qualquer forma, aqui vão algumas dicas, de coisas que eu aprendi durante esses dias:
• Se você nunca viajou sozinho, converse com o máximo de pessoas possível para pelo menos ter uma noção do que você vai enfrentar.
• Se o seu tio trabalha no aeroporto, veja com ele o que pode e o que não pode ser levado na mala alguns dias antes de arrumá-la, e não uma hora antes de sair de casa.
• Se a sua avó disser pra você levar um chinelo, leve, porque você vai precisar.
• Quando for comer em algum lugar que você não conhece, assegure-se que de eles tem frango se você não come carne.
• Deixe sempre suas coisas arrumadas para o dia seguinte, para o caso de você acordar atrasado.
• Faça sua mala muito bem organizada, porque pode acontecer de você ter que abri-la na frente de todo mundo porque não tem idéia de onde enfiou o seu documento – e se for dar três pulinhos para o São Longuinho depois que achou o documento, eu sugiro que os dê no banheiro para que as pessoas não fiquem olhando estranho pra você.
• Leve um passatempo caso você fique preso no aeroporto por motivos do além.
• Lembre-se de carregar as baterias dos seus celulares no dia anterior ao retorno pra sua casa, porque pode acontecer emergências e você ter que deixar os aparelhos desligados para poder usar depois.
• Não leve todas as roupas e sapatos que você quer, porque você usa só metade.
• Leve todas as roupas que você quer, porque se você não levar, vai querer usá-las.
• Não passe rímel para ir em aeroportos, ou em qualquer situação em que você possa se decepcionar.
• Não desespere o seu namorado, porque senão ele liga de cinco em cinco minutos e acaba aquele restinho de bateria que você tinha.
• Se a sua cunhada já tiver sido aeromoça, leve um papo com ela antes de viajar pra saber dos seus direitos e o que fazer quando as coisas dão errado.
Pra finalizar, aproveite cada segundo e se divirta bastante!
Dear passengers, we are ready to board now.