Todo mundo precisa de remédio de vez em quando



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eu odeio, tu odeias...


Toda vez que eu sinto ódio eu penso algo do tipo: Não, Paula... Isso não é certo, você não deve sentir ódio e raiva porque só fazem mal a você. E daí eu tento me controlar e fingir que sou superior a este sentimento.

Você odeia aquela vizinha maldita? – Não, odiá-la não faz com que ela bata o carro importado novinho na garagem.

Você odeia aquele puto que pára todo dia na sua vaga? – Odiá-lo não vai fazer com que o galho da árvore caia do nada e quebre o parabrisa.

Você odeia a atendente da padaria que sempre passa a sua vez de ser atendida? – E daí? Odiar a menina não vai fazer com que ela perca os dedos na máquina de fatiar frios.

Pois hoje eu resolvi mandar esse meu pensamento se foder. Ah, vá... Eu não sou nenhuma pessoa exemplar, então porque tenho que exterminar os sentimentos ruins? É tudo papo pra boi dormir, balela. Eu também odeio (e odeio muuuuito), eu também queria que aquela pessoa fosse atingida por um raio, ou atropelada violentamente, ou queimasse no fogo do inferno. E daí? Penso isso mesmo! E ainda dou sorrisinhos maquiavélicos quando penso nessas cenas.

Odeio e odeio com orgulho à partir de hoje. Eu quero que todo mundo que eu não engulo vá se ferrar, que tropece e esfole o nariz na calçada, que quebre a perna descendo a escada, que fique careca e banguela.

Eu posso ser ruim também. Eu sei que pareço tontona e boazinha – ainda mais por causa da porcaria de óculos e a droga desse cabelo lambido – mas a minha mãe sempre disse que eu tenho cara de vilã. Hora de assumir o meu papel.