Todo mundo precisa de remédio de vez em quando



sábado, 18 de setembro de 2010

Ao contrário



Semana passada eu assisti um filme daqueles do tipo que eu adoro e meu namorado odeia: romance meloso. Podem ser todos iguais, terem finais previsíveis e não servirem pra nada além de suspirar, mas eu gosto mesmo assim.

O filme se chama “500 dias com ela” e é uma gracinha, bem daqueles que eu gostaria de ter escrito, porque é tudo que eu penso. Não dá pra descrever direito, tem que assistir. Ou melhor ainda, passar pela história.

O Tom é uma gracinha de menino apaixonado. Enquanto eu assistia, tinha uma vontade incrível de ser a Summer de alguém, de deixar alguém tão feliz somente pelo fato de existir e estar ali, presente. Ah, vá... vai dizer que você não acredita em contos de fadas? Eu sempre acreditei e não estou nem aí pra quem me acha boba (inclusive eu mesma).

* Pausa para falar de contos de fadas *

Sim, príncipes encantados existem. O problema é que nós temos uma visão distorcida do que é um príncipe encantado. E isso é tudo culpa dos livros, das músicas, dos filmes. Você já reparou que todos os contos, TODOS, tratam só do começo da relação? Acabam bem na hora que eles se casam, geralmente pouquíssimo tempo depois de ficarem juntos. Todo começo é perfeito, cheio de emoção, paixão, vontade... E daí alguém inventou aquele “E viveram felizes para sempre” pra não decepcionar a gente com o que sempre vem pela frente.

* Voltando sobre o filme *

Claro que todo filme de romance tem alguma decepção no caminho, faz parte do roteiro. E que tombo que o Tom levou. E puxa vida, eu conheço direitinho todo o caminho pra frente, igualzinho igualzinho. E então eu percebi que na verdade, não sou a Summer de ninguém, eu sou o Tom. Que coisa, né? A gente nunca pode ser o que quer.

sábado, 11 de setembro de 2010

Oooxe...



Hum, acho que deve estar na hora de mudar o título do blog.
Não é mais uma cápsula por dia, e sim uma cápsula por semana.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Experiência



No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência?'

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Mas a verdade é que eu queria ter escrito isso :)


"Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Ja peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que eram as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua.
Já gritei de felicidade.
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas...

Tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: 'Qual sua experiência?' Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência... Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência? Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?"



Silvio Calazans - (Publicado no jornal interno do RH - Volkswagen do Brasil - nome do candidato não mencionado)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eu odeio, tu odeias...


Toda vez que eu sinto ódio eu penso algo do tipo: Não, Paula... Isso não é certo, você não deve sentir ódio e raiva porque só fazem mal a você. E daí eu tento me controlar e fingir que sou superior a este sentimento.

Você odeia aquela vizinha maldita? – Não, odiá-la não faz com que ela bata o carro importado novinho na garagem.

Você odeia aquele puto que pára todo dia na sua vaga? – Odiá-lo não vai fazer com que o galho da árvore caia do nada e quebre o parabrisa.

Você odeia a atendente da padaria que sempre passa a sua vez de ser atendida? – E daí? Odiar a menina não vai fazer com que ela perca os dedos na máquina de fatiar frios.

Pois hoje eu resolvi mandar esse meu pensamento se foder. Ah, vá... Eu não sou nenhuma pessoa exemplar, então porque tenho que exterminar os sentimentos ruins? É tudo papo pra boi dormir, balela. Eu também odeio (e odeio muuuuito), eu também queria que aquela pessoa fosse atingida por um raio, ou atropelada violentamente, ou queimasse no fogo do inferno. E daí? Penso isso mesmo! E ainda dou sorrisinhos maquiavélicos quando penso nessas cenas.

Odeio e odeio com orgulho à partir de hoje. Eu quero que todo mundo que eu não engulo vá se ferrar, que tropece e esfole o nariz na calçada, que quebre a perna descendo a escada, que fique careca e banguela.

Eu posso ser ruim também. Eu sei que pareço tontona e boazinha – ainda mais por causa da porcaria de óculos e a droga desse cabelo lambido – mas a minha mãe sempre disse que eu tenho cara de vilã. Hora de assumir o meu papel.